sexta-feira, 8 de maio de 2015

NEUROSES NO FILME “O DIABO VESTE PRADA”

Introdução Neurose é uma maneira de ser e de reagir à vida. Essa maneira de ser neurótica significa que a pessoa reage à vida através de reações vivenciais não normais; seja no sentido dessas reações serem desproporcionais, seja pelo fato de serem muito duradouras, seja pelo fato delas existirem mesmo que não exista uma causa vivencial aparente. Essa maneira exagerada de reagir leva a pessoa neurótica a adotar uma serie de comportamentos para aliviar a ansiedade. Estas pessoas têm plena consciência do seu problema e, muitas vezes, sente-se impotente para modificá-lo. A pessoa neurótica diante de um compromisso social reage com muita ansiedade. Neurose não é sinônimo de loucura, assim como também, a pessoa neurótica não apresenta nenhum comprometimento de sua inteligência, nem de contato com a realidade. Seus sentimentos também são normais. A diferença entre uma pessoa neurótica e uma normal é em relação à quantidade de emoções e sentimentos e não quanto à qualidade deles. Os neuróticos ficam mais ansiosos, mais angustiados, mais deprimidos, mais sugestionáveis, mais teatrais, mais impressionados, mais preocupados, com mais medo, enfim, eles têm as mesmas emoções que todos nós temos, porém, exageradamente. A Neurose é uma doença da personalidade e não uma doença mental. "a neurose do trabalho não é uma afecção de um tipo clínico particular, mas uma categoria de perturbações neuróticas (...) aparentemente ligadas às condições do trabalho e ao meio ambiente industrial,geralmente detectadas pela ocasião do trabalho".SIVADON, P. & AMIEL No filme o diabo veste Prada, a personagem Andy Sachs, uma moça interiorana, recém formada em jornalismo, muda para Nova York em busca de emprego. Consegue emprego em uma badalada revista de moda, onde vira motivo de piada entre os seus colegas pelo seu jeito de vestir. Andy muda o seu estilo e se torna uma personalidade irreconhecível em busca de seu ideal profissional e com isto estabelecendo alguns processos neuróticos. Para satisfazer aos desmandos de sua chefe Miranda Priestly, se identifica com seu trabalho e passa a não ter vida social, se torna inconveniente atendendo telefone a toda hora, saindo de jantares e deixando os outros esperando por ela. Sua vida se torna, de forma neurótica, o seu trabalho. Sua reserva de energia libidinal é totalmente depositada no trabalho. Com o termino de seu namoro Andy se torna mais obsessiva pelo trabalho. A fobia por errar a levou a trocar tudo para atender as ordens de Miranda. “O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais - DSM-IV propõe como critérios para o diagnostico do transtorno obsessivo compulsivo. (1) Preocupação tão extensa com detalhes, regras, listas, ordem, organização ou horários, que o ponto principal da atividade é perdido (perfeccionismo que interfere na conclusão de tarefas). (2) Devotamento excessivo ao trabalho e a produtividade, em detrimento de atividades de lazer e amizades. (3) Excessiva conscienciosidade, escrúpulos e inflexibilidade em assuntos de moralidade, ética ou valores. (4) Incapacidade de desfazer-se de objetos usados ou inúteis, mesmo quando não tem valor sentimental. (5) Relutância em delegar tarefas ou trabalhar em conjunto com outras pessoas, a menos que estas se submetam o seu modo exato de fazer as coisas. (6) Adoção de um estilo miserável quanto a gastos pessoais e com outras pessoas. (7) Rigidez e teimosia”. Tratamento No caso desta personagem, a narrativa deixa claro, que a perfeição pelo trabalho a levou a se transformar em uma cópia de sua chefe, personagem também neurótica obsessiva. Porém quando um paciente chega ao consultório com estes sintomas é necessário trabalhar a ansiedade e ir eliminando os sintomas. Os sintomas no paciente neurótico pode ser uma maneira de conseguir equilíbrio egóico. Cabe ao analista descobrir a função inconsciente destes sintomas, investigar e analisar o que levou a paciente a copiar uma figura, que anteriormente a desagradava. A luta a todo custo por reconhecimento é forma de sublimar conflitos. Conclusão Com a exigência do mercado é comum ver pessoas se esforçando ao máximo para manter seus empregos, o preocupante é quando isto se torna doentio. Muitas vezes este excesso de trabalho pode parecer normal, mas em determinados casos pode ser uma fuga dos conflitos. É necessário observar o quanto o paciente prioriza o trabalho, se está deixando em segundo plano, família, amigos e lazer, como são as suas noites de sono. A personagem em questão modificou seus hábitos e gostos e passou a executar os desmandos de sua chefe. Deixando de lado seus amigos, pai e até o namorado. Para muitos, este comportamento é admirável, a pessoa é conhecida como esforçada, mas este trabalho acaba ocupando todos os momentos desta pessoa e ela passa a fazer sempre mais para encobrir os seus conflitos.

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