segunda-feira, 27 de maio de 2013
Jogos e atividades que colaboram para o desenvolvimento da criança
• Jogos de mímica (Imagem e Ação, por exemplo): Ao transmitir sem palavras sentimentos ou situações, a criança organiza seu pensamento lógico e busca compreender causas e conseqüências para melhor se expressar.
• Jogo Lince: Trabalha a percepção visual e a rapidez.
• Atividades de figura-fundo (encontradas em revistas de passatempo): Trabalha a atenção para as atividades.
• Atividades de criar: Desenvolve a sensibilidade para perceber problemas, capacidade de elaborar soluções estereotipadas, mas descobre e põe em prática novas formas de resolvê-lo.
• Atividades matemáticas: O desenvolvimento do pensamento lógico-matemático capacita a formação de indivíduos capazes de raciocinar em qualquer situação com espírito crítico e flexível, com objetividade e coerência de pensamento.
• Desenho de si próprio diante do espelho: Desenvolve o autoconhecimento, auto-estima, conhecimento maior do real.
• Manipulação de objetos com os olhos vendados, e verbalização de seus atributos: Trabalha representação mental, e discriminação de estímulos táteis.
• Expressão oral, plástica, corporal: Tem fundamental importância no desenvolvimento global.
• Jogo Bule: Desenvolve o raciocínio lógico-matemático e a reversibilidade de pensamento.
• Bingo pedagógico: Ajuda a criança a relacionar as palavras escritas e faladas.
• Pintura a dedo: Atividades artísticas como esta favorecem o desenvolvimento afetivo, especialmente por facilitarem a livre-expressão e descarregarem as tensões, assegurando o equilíbrio emocional.
• Massinha: Ao manipularem as crianças descarregam sua ansiedade e seus temores, além de trabalhar a coordenação motora fina.
• Atividades de recortar: Além de contribuem para o desenvolvimento cognitivo, trabalha a motricidade fina, colaborando também para a melhora da gráfica.
• Dobraduras: Desenvolve grandemente a criatividade.
• Bolinhas de gude ou boliche: São ótimas para treinar a contagem de objetos e trabalhar a comparação de quantidade. Desenvolve também a coordenação motora.
• Jogo Can Can: Atua no raciocínio lógico-matemático, reversibilidade de pensamento, trabalhando também sentimentos de intolerância à frustração.
• Jogo Banco Imobiliário: Neste jogo, assim como é na vida real, a sorte é aliada às adequadas decisões.
• Jogos com regras: Trabalham o raciocínio, atenção, antecipação de situações e diferentes estratégias. Ajuda as crianças com baixa tolerância à frustração a lidarem com seus sentimentos.
• Brincadeiras com fantoches: O objetivo é o desenvolvimento da criatividade, da linguagem e a expressão corporal.
• Jogos de vitória ao acaso (roleta, dados, pistas a percorrer…): Nestes jogos o ganhar e o perder são aleatórios, não dependendo da eficiência dos jogadores. São muito úteis para crianças que não aceitam perder.
• Jogos de estratégia (damas, trilha, xadrez, gamão, contra-ataque, lig-4, Einsten, Senha…): Nestes jogos, é preciso que a criança planeje jogada, faça antecipações de suas próprias jogadas e do adversário.
• Quebra-cabeça: Desenvolve a observação, concentração, percepção visual e raciocínio.
• Pular corda: Desenvolve a coordenação motora.
• Trabalhos para alinhavar: Trabalha a coordenação motora, essencial para a escrita.
• Jogo das pedrinhas (“5 marias”): Coordenação motora fina e contagem.
sexta-feira, 3 de maio de 2013
TDAH: quando não compreendido, um transtorno
Por Camila Leporace
Nos depoimentos de mães, pais e especialistas no
assunto, as semelhanças são marcantes. Os portadores do Transtorno do Déficit de
Atenção e Hiperatividade (TDAH) são impulsivos, agitados, irrequietos, ansiosos
e tão inteligentes e carinhosos quanto mal compreendidos e rejeitados – o que
acontece porque, quando se trata de TDAH, falta informação e sobra
preconceito.
Com um ano e quatro meses de idade, em 1986,
Fernando começou a andar. A partir daí, ficar parado tornou-se algo simplesmente
impossível para ele. Um ano e dois meses depois, sua mãe, Mara Narciso –
endocrinologista, acadêmica de jornalismo e autora do livro Segurando a
hiperatividade – decidiu levá-lo a uma psicóloga. Por ser “acelerado” e
“incapaz de sossegar um minuto que fosse”, Fernando ficava sujeito a toda sorte
de acidentes. “Machucava a toda hora, e demorou muitos anos para entender que
buraco era buraco e que pular dentro dele como se não existisse o faria
machucar. Corria na direção de uma escada como se não houvesse desníveis”,
relata Mara.
Quando Fernando tinha quatro anos, sua mãe o
levou a um neuropediatra em Belo Horizonte que definiu o que ele tinha como
Disfunção Cerebral Mínima, problema que se caracterizava exatamente pela
hiperatividade. O médico disse a Mara que Fernando era o “segundo caso mais
grave” que ele já havia visto em 25 anos.
Quando Fernando tinha quatro anos, sua mãe o
levou a um neuropediatra em Belo Horizonte que definiu o que ele tinha como
Disfunção Cerebral Mínima, problema que se caracterizava exatamente pela
hiperatividade. O médico disse a Mara que Fernando era o “segundo caso mais
grave” que ele já havia visto em 25 anos.
Hoje, cerca de 3% das crianças e de 1% a 1,5% dos
adultos de todo o mundo apresentam o TDAH, que também é conhecido como DDA
(Distúrbio do Déficit de Atenção) ou, em inglês, ADD, ADHD ou AD/HD. A
incidência parece ser maior entre o sexo masculino, mas os especialistas
consideram esse dado ainda em discussão. Essas informações foram reveladas pelo
psiquiatra Mario Louzã Neto, coordenador do Projeto Déficit de Atenção e
Hiperatividade no Adulto (PRODATH) do Hospital das Clínicas da Faculdade de
Medicina da USP – Universidade de São Paulo.
Conforme explica a neurologista Lais Pires, a
causa do TDAH está relacionada a uma predisposição genética – o que já foi
comprovado através de estudos, inclusive com a análise comportamental de gêmeos
univitelinos que viveram em ambientes separados e apresentaram, ambos,
características de TDAH – e também a fatores ambientais: bebês prematuros podem
ter uma chance maior de apresentar o Transtorno, que nesse caso estaria
relacionado ao sofrimento ao nascer.
A hiperatividade é apenas uma das três principais
características associadas ao TDAH. As outras duas são a facilidade para se
distrair e a impulsividade. Nas meninas, é mais comum a forma do TDAH em que
predomina a desatenção: elas parecem tranqüilas, e na sala de aula muitas vezes
se mostram quietas, sem perturbar o ambiente como os meninos. No entanto, essa
aparente calma esconde um pensamento que voa e se distrai com ele mesmo, e a
falta de aproveitamento escolar é refletida nas notas do boletim. Já nos meninos
é mais comum a forma de TDAH que une a hiperatividade com a impulsividade,
podendo ou não ser acompanhadas da tendência à distração. O aparecimento das
três formas juntas configura a forma mista de TDAH.
A dopamina, estimulante que ajuda a fixar a
atenção, está presente em menor quantidade no cérebro de quem apresenta o TDAH.
Uma sensação de prazer é capaz de aumentar a produção e o aproveitamento da
dopamina pelo cérebro – por isso quem tem TDAH, quando faz uma atividade de que
gosta, é capaz de se concentrar melhor nela do que numa outra que não lhe é tão
aprazível. Isso explica queixas constantes de pais com filhos agitadíssimos e
com dificuldade para se concentrar nos estudos, mas que se saem bem no
videogame: enquanto a tecnologia evolui a passos largos e os estímulos nesse
sentido se tornam cada vez maiores às crianças, a escola permanece no mesmo
formato e se torna pouco atraente em comparação com outros estímulos. Apesar de
o nome do Transtorno ser constituído da expressão “déficit de atenção”, a Dra.
Lais destaca que na verdade os portadores do TDAH têm “excesso de atenção”.
“Eles não conseguem evitar que os estímulos competitivos entrem naquele momento
em que eles têm que prestar atenção numa outra coisa; é como se fosse uma antena
que estivesse captando interferências de outras”, define. E não apenas fatores
externos funcionam como estímulos: os próprios pensamentos também.
O ambiente agitado que marca os dias de hoje, com
a grande quantidade de estímulos que o constituem, é um fator que propicia a
detecção da presença do TDAH num indivíduo. Dra. Lais destaca que, em outros
tempos, os estímulos eram menos variados e as possibilidades de “perder o foco”
eram também menores. Com isso, menos casos eram observados. Com o passar dos
anos, cada vez mais casos de TDAH têm sido reconhecidos por pais, professores e
especialistas.
Diagnóstico requer cuidado; tratamento é
indispensável
Segundo a Agência Nacional de Vigilância
Sanitária, o consumo de metilfenidato -anfetamínico potente usado no controle do
TDAH, por agir aumentando a dopamina no cérebro – passou de 23 kg em 2000 para
93 kg em 2003, no Brasil. é comum crianças com TDAH tomarem remédio com esse
princípio ativo para, entre outros fins, conseguir a concentração necessária
para evitar o baixo rendimento escolar. A partir de uma análise desse panorama,
a psicóloga Helena Rego Monteiro acredita que esteja ocorrendo o que ela chama
de “medicalização da vida escolar”.
“Hoje, o que parece existir como única opção é a
lente da biomedicalização querendo ensinar que não só o ‘fracasso’ do escolar e
suas condutas disruptivas, mas a vida como um todo tem um determinado remédio,
uma pílula. Hoje, não é raro encontrar em mochilas escolares uma caixa de
remédio dividindo o espaço com o lanche, os cadernos e as canetas, dando-nos a
impressão de que, naturalmente, fazem parte do material escolar”.
É fato que muitas das ocorrências comuns ao
comportamento de alguém que tem TDAH podem ser identificadas em pessoas que não
têm o distúrbio. E isso exige atenção. “Quem, nos dias de hoje, não faz mais de
uma coisa ao mesmo tempo, ou melhor, várias coisas ao mesmo tempo? Quem não
sente medo, não sente uma demasiada tristeza em certos confrontos com as
produções de subjetividades do mundo contemporâneo? Então somos todos
desatentos, hiperativos, portadores do pânico ou deprimidos?”, questiona Helena,
fazendo um alerta para que nem todos sejam taxados de TDAHs antecipada e
equivocadamente.
Para o cuidado necessário ao diagnóstico do TDAH,
Dra. Lais tem uma definição que segue à risca: só existe transtorno quando há
prejuízo. “Tem pessoas que tiram partido da sua hiperatividade: elas conseguem
fazer muitas coisas ao mesmo tempo e fazem bem. Então não tem transtorno, elas
vivem muito bem com a hiperatividade delas”, diz, acrescentando que muitas vezes
características de TDAH existentes num indivíduo não têm efeito significativo em
sua vida e especificando que o maior problema do TDAH é atrapalhar as funções
executivas.
Nas crianças, essas funções seriam atividades do
dia-a-dia como almoçar ou tomar banho, por exemplo, que poderiam deixar de ser
momentos simples para se tornar demorados ou complicados, mostrando a
dificuldade – comum aos portadores de TDAH – de começar e terminar uma tarefa.
Na escola, as funções poderiam ser escrever uma redação ou ler o enunciado de
uma questão de prova. Muitas vezes quem tem TDAH se sai mal em testes
simplesmente porque não teve paciência de ler um texto até o fim. O grau de
inteligência que eles apresentam é igual ao dos demais alunos, mas como seu
desempenho passa a ser sempre baixo, eles se sentem desestimulados e mais uma
vez a escola perde para uma série de outras atividades mais interessantes em que
eles se saem bem. À medida que um indivíduo cresce, o grau de dificuldade das
tarefas que ele precisa realizar tende a aumentar e, com isso, a frustração por
não terminar as atividades ou não obter sucesso ao realizá-las também
aumenta.
Dra. Helena questiona a maneira como é feita a
separação entre crianças “normais e anormais” e acredita que “o pior efeito do
TDAH para a vida de crianças e adultos é ser rotulado pelo saber-poder médico
como um ‘doente’”. A psicóloga explica que, para definir a existência do TDAH em
indivíduos, os especialistas se baseiam em um manual, que ela não considera
suficiente. “A partir do manual seremos capazes de separar doentes e sadios,
normais e anormais; poderemos identificar aqueles que desviam do padrão. Nesse
sentido, a pergunta que temos a fazer é: desviar do padrão não é bom para
quem?”
Dra. Lais conta que, antes de receitar remédio
para um paciente, faz uma análise completa de como ele se comporta na escola,
mas não se limita a isso. Ela também procura saber, através de relatórios, como
é seu paciente em todos os outros ambientes de sua vida – em casa e em momentos
de socialização e brincadeiras, por exemplo. Somente quando constata que em
todos os setores ele apresenta características de TDAH ela tem certeza da
existência do Transtorno e prescreve a medicação. Se o problema se verificar em
apenas uma das áreas, a solução é diferente, pois não se trata de TDAH e então
receitar metilfenidato seria um equívoco.
Mara sempre achou Fernando diferente das outras
crianças, levou-o a vários médicos até se certificar do que tinha e concorda com
a Dra. Lais, afirmando que os prejuízos do TDAH são indiscutivelmente sentidos
por ele em vários aspectos de sua vida. “Após quase cinco anos em duas
faculdades, Turismo e Hotelaria, e depois Design, em que cursa o quinto período,
meu filho pensa em largar tudo novamente. Está tentando entrar no mercado de
trabalho fazendo Auto-Cad, é muito só e isolado, sofre muito com isso, e com
todos os tratamentos que fez, ainda não se encontrou. Isso não é
invencionice”.
Se ser taxado de “doente” é ruim, não ser
diagnosticado e tratado pode trazer conseqüências ainda piores para quem tem
TDAH. O site da Associação Brasileira de Déficit de Atenção (ABDA) afirma que
uma de suas grandes lutas é que “o TDAH seja identificado num grande numero de
crianças e adolescentes que estão enfrentando grandes dificuldades na vida
acadêmica, sem receber diagnóstico ou tratamento adequado”. A associação
enfatiza ainda que, mesmo com o aumento de 940% das vendas de metilfenidato de
2000 para 2004, apenas 5% dos pacientes com TDAH no Brasil são tratados.
Um grande problema da atualidade seria o uso
indevido do metilfenidato. Pessoas que não precisam de fato da substância, mas
que sabem que o medicamento resulta num aumento de concentração e poder de foco,
têm recorrido a ele para render mais no trabalho ou conseguir dar conta, com
sucesso, de um grande número de atividades, pressões e responsabilidades.
Para cada caso, um
tratamento
Para cada caso, um
tratamento
Conforme enfatiza a Dra. Lais, a neurologia,
sozinha, é capaz de tratar casos em que o TDAH se apresenta isolado de alguma
outra condição associada – as chamadas comorbidades. Para essas ocorrências, uma
medicação baseada em metilfenidato seria suficiente. No entanto, 2/3 das pessoas
que têm TDAH têm comorbidades, que exigem a associação de tratamentos diferentes
à neurologia. Um transtorno de ansiedade, por exemplo, poderia ser acompanhado
por uma terapia cognitivo-comportamental; o aparecimento de uma dislexia
necessitaria do acompanhamento de uma fonoaudióloga; transtornos afetivos de
humor bipolar exigiriam o suporte de um psiquiatra e até de uma outra
medicação.
Fernando representa um caso em que foi necessário
associar tratamentos diferentes. Hoje um estudante universitário de 23 anos de
idade, ele já fez onze de psicoterapia e cinco de terapia
cognitivo-comportamental. Só começou a tomar metilfenidato aos 16 anos de idade.
Mara sentiu que o remédio, apesar de contribuir positivamente, não é suficiente
sozinho e serve a um propósito específico: ajudá-lo a se concentrar nas
aulas.
Dra. Lais admite que o metilfenidato, apesar de
geralmente ser bem tolerado, pode ter efeitos colaterais, mas somente enquanto a
substância ainda estiver no sangue de quem a ingeriu. Inibição do apetite é
geralmente o primeiro efeito, mas também pode ocorrer um aumento da emotividade
em crianças. Taquicardia e dor de cabeça muito raramente aparecem. Associado à
perda de apetite está o temor dos pais quanto a problemas de crescimento
geralmente ligados à medicação. Na verdade, o que acontece é que em algumas
fases da vida de quem toma o remédio o crescimento fica menos acelerado do que
poderia – mas a altura final do indivíduo não é afetada, conforme explica a
neurologista.
A especialista explica ainda que o risco de o
medicamento aumentar o uso de drogas é um mito que não procede, pois geralmente
quem tem TDAH recorre às drogas procurando alívio e fuga após sofrer inúmeras e
sucessivas frustrações, e o remédio serve justamente para ajudar a evitá-las e
assim também diminuir a possibilidade de que as drogas sejam buscadas.
TDAH em família
Segundo a neuropsiquiatra Tania Almeida,
especializada no atendimento a famílias que têm membros com TDAH, é importante
que os portadores do Transtorno e as pessoas que convivem com eles conheçam a
maneira como funcionam. “O TDAH é uma disfunção que se expressa por
comportamentos peculiares que, se conhecidos, podem ser levados em conta pelo
próprio portador – para criar mecanismos compensatórios – e pelos que o cercam –
para adequarem suas cobranças e ampliarem suas manifestações de reconhecimento
pelo esforço que os portadores fazem para se adaptarem a determinadas exigências
sociais”.
Uma dica é evitar a cobrança excessiva,
valorizando o que é realmente importante. “Eles (os portadores de
TDAH), eventualmente, precisam de mais tempo e mais silêncio para fazerem
exercícios escolares e provas; precisam ser auxiliados a criar mecanismos
compensatórios para não esquecer, não perder, se organizar, se concentrar;
precisam que nós selecionemos dentre as mil e uma incorreções de seu
comportamento, poucas para chamarmos atenção, sob pena de serem repreendidos
ininterruptamente e ampliarem seu comprometimento no relativo à auto-estima”,
alerta Tania.
A neuropsiquiatra enfatiza o quanto pode ser
lucrativo o resultado de uma maior compreensão do TDAH. “Pais e parentes
esclarecidos, professores e cuidadores esclarecidos, portadores e amigos
esclarecidos sobre o funcionamento da disfunção podem com ela lidar de maneira
mais favorável, ajudando a sobressair as competências que esses indivíduos
também têm – muitas vezes, especiais competências – e não as suas
incompetências”.
Fonte: http://opiniaoenoticia.com.br/vida/saude/tdah-quando-nao-compreendido-um-transtorno/
O QUE É PSICOPEDAGOGIA?
É
o estudo do processo de aprendizagem e suas dificuldades. Este estudo
tem caráter preventivo e terapêutico, detectando as causas dos problemas
de aprendizagem através de provas (testes) psicopedagógicos tais como,
provas operatórias (Piaget), provas projetivas (desenhos), EOCA e
anamnese.
Geralmente
o período para diagnosticar o problema psicopedagógico dura de 7 a 10
sessões de 50 minutos cada. Em alguns casos, o profissional pode
encaminhar o paciente para outros profissionais como psicólogos,
fonoaudiólogos, neurologistas, otorrinos, entre outros para uma
avaliação transdisciplinar.
Na
clínica, o psicopedagogo fará uma entrevista inicial com os pais ou
responsáveis para conversar sobre horários, quantidades de sessões. O
histórico do sujeito, desde seu nascimento, será relatado ao final das
sessões numa entrevista chamada anamnese, com os pais ou responsáveis.
Casos em que a Psicopedagogia é altamente indicada:
Afasias, Audiomudez, Disturbios afetivos (ansiedade, inibição, depressão), Dificuldade de leitura e escrita sem causa orgânica, Dificuldade de memorização, atenção e concentração, Distúrbio da lateralidade, Distúrbio na organização têmporoespacial, Distúrbio motor, Disfalia, Disgrafia, Dislexia, Dislexia Disortografica, Discalculia, Hiperatividade, Instabilidade psicomotora, Gagueira.
Psicopedagogia
é a área de conhecimento onde há uma interação entre saúde, educação e
sociedade, pois o profissional precisa analisar os sintomas
apresentados pelo indivíduo ( sejam eles: lentidão, dispersão,
dificuldade de elaboração, compreensão, entre outros) sob a luz dos
aspectos físico, emocional, social e cultural, levando-se em conta suas
relações tanto com o ambiente familiar, como o escolar e o social.
ÁREA DE ATUAÇÃO
Avaliação Psicopedagógica;
Atendimento a crianças e adolescentes com dificuldades e distúrbio de aprendizagem;
Orientações a pais e professores;
Acompanhamento escolar;
Palestras e treinamentos em escolas, igrejas e empresas.
quarta-feira, 1 de maio de 2013
Hiperatividade ou Falta de Limites
Com a evolução o ser humano
deixou os seus instintos primitivos e passou a viver em sociedade e com isto
criou normas para se relacionar com o outro. Estas normas foram passadas de
pais para filhos até se tornar atitudes comuns a todos, mas parece que nos
tempos modernos as pessoas vêm se esquecendo destas regras se tornando difícil
conseguir relacionar-se. Todos estão à
procura do fácil e os pais não estão fora desta regra e ensinar aos filhos o
que é certo ou errado dá muito trabalho e é mais fácil dar nomes para
justificar comportamentos que não estão de acordo, sem nem mesmo perceber o
significado do adjetivo.
E nesta dinâmica surge a palavra hiperativo,
que vem se tornando sinônimo de criança sem limite. Pais e professores dão este
adjetivo com muita facilidade ao se referir aos chamados “alunos problemas”, sem
se dar conta que as crianças hiperativas são portadoras de um distúrbio e as crianças
sem limites, são crianças, que no tempo dos avós eram chamadas de mal educadas.
Adjetivo que era bastante usado para qualificar crianças que faziam o que
queria, porque pais que deixavam os
filhos fazerem o que queriam não sabiam educar.
Há uma diferença bastante perceptível
entre crianças portadoras de hiperatividade e crianças sem limite, as crianças
portadora de TDAH (transtorno de déficit de atenção com hiperatividade), não se
concentra por muito tempo mesmo que a atividade o interessa, já as crianças sem
limites conseguem prender a sua atenção por um tempo prolongado quando algo lhe
interessa.
A
causa do TDAH é cerebral e orgânica e antigamente se acreditava que era causada
no parte por baixa oxigenação cerebral. Com descobertas no campo da neurologia
sabe-se que pessoas com TDAH possuem disfunção no lobo pré frontal e alteração
no funcionamento dos neurotransmissores excitatórios e inibidores, substâncias
que permitem a comunicação entre os neurônios. Os neurotransmissores
excitatórios, como o nome já diz, excitam os neurônios e proporciona a
transmissão de impulso nervoso como capacitação de estímulos (ação,
sensação...). Os neurotransmissores inibitórios- inibem os neurônios,
proporcionando seleção de estímulos, interrupção total ou parcial. A ação
conjunta dos dois tipos de neurotransmissores é que nos faz ter atenção e
capacitação adequadas de estímulos sensoriais e de motricidade. Os
neurotransmissores excitatórios ou sinapse excitatória, amadurecem logo no
inicio da infância, pois é uma fase de descobertas, já as sinapses inibitórias
começam amadurecer aos três anos de idade, controlando os estímulos, sendo
assim, a criança considera o que é importante e desconsidera aquilo que não
importa. É nesta fase que ela consegue focalizar a atenção em jogos, ouvir
aquilo que lhe é dito e esperar a sua vez. No cérebro da criança com TDAH, as
sinapses inibitórias não amadurecem e prevalecem as sinapses excitatórias,
tornando a criança ansiosa e isto a atrapalha nas atividades que exigem
concentração. O TDAH prejudica as notas escolares e o convívio familiar da
criança. Não existe cura para o TDAH e ninguém se torna hiperativo, o
hiperativo é e será hiperativo. O que pode acontecer é a melhora através de
medicamento e mudança no ambiente ao redor da criança, escola e família. A
intensidade dos sintomas do TDAH está ligada a dinâmica familiar. Uma criança
com TDAH, mas com uma família bem estruturada, com regras claras, horários e
tudo bem organizado. Será ansiosa, mas terá mais saberá o que pode ou não
fazer. E é aqui que está a importância de impor limites aos filhos, sejam eles
portadores de hiperatividade ou não, os limites são fundamentais.
Algumas famílias não dão informação aos
filhos de como se comportar em sociedade e delegam a educação a professores,
avós e babás, sem perceber que estão criando seres, que não sabem o que é
relacionamento humano. Muitos pais que trabalham e ficam muito tempo longe dos
filhos, preferem trocar a educação por presentes, sempre dizendo aos filhos: se
você ficar quieto vai ganhar um presentinho, dando a entender para a criança
que respeitar o outro não é sua obrigação e que tudo tem um preço ensinando a só valoriza o material. Não é o
tempo em que os pais passam com os
filhos que importa, mas a qualidade deste tempo. Pais que trabalham e fica
muito tempo longe dos filhos, mas sabem dizer não, quando é preciso, explicam o
porquê das regras e demonstram através de seu comportamento o certo e errado,
para que o filho tenha em quem se espelhar, estes pais não tem porque se culpar
e está ajudando o filho ter equilíbrio no seu desenvolvimento psíquico,
cognitivo, afetivo e a aprender a se organizar em sociedade. Ao impor regras
aos filhos os pais devem mostrar através de atitudes que também sabe respeitar
regras, porque de nada adianta ensinar o filho a se comportar e fazer o
contrario daquilo que está sendo dito. Portanto uma criança portadora de hiperatividade,
mas bem educada continua sendo ansiosa, tendo dificuldade de concentração, mas
sabe respeitar o ambiente e o próximo. Crianças “mal educadas” não tem nada a
ver com crianças portadoras de hiperatividade.
Cibele Alves
(11l 91220 8356
Disturbio ou Transtorno????
O Transtorno de Aprendizagem é a inabilidade
específica na leitura, na expressão escrita ou na matemática em indivíduos que
apresentam resultado abaixo do esperado para seu nível de desenvolvimento,
escolaridade capacidade intelectual. ( American Psychiatric Association, 1994
).
Os Transtornos de Aprendizagem afetam a habilidade
da pessoa de falar, escutar, ler, escrever, soletrar, pensar, recordar,
organizar informações ou aprender a matemática. Os transtornos de aprendizagem
não podem ser curados. Duram para a vida toda.
De acordo com a definição estabelecida em 1981 pelo
National Joint Comittee for Learning Disabilities (Comitê Nacional de
Dificuldades de Aprendizagem), nos Estados Unidos da América, Distúrbio de
aprendizagem é um termo genérico que se refere a um grupo heterogêneo de
alterações manifestas por dificuldades significativas na aquisição e uso da
audição, fala, leitura, escrita, raciocínio ou habilidades matemáticas. Estas
alterações são intrínsecas ao indivíduo e presumivelmente devidas à disfunção
do sistema nervoso central. Apesar de um distúrbio de aprendizagem poder
ocorrer concomitantemente com outras condições desfavoráveis (por exemplo,
alteração sensorial, retardo mental, distúrbio social ou emocional) ou
influências ambientais (por exemplo, diferenças culturais, instrução
insuficiente/inadequada, fatores psicogênicos), não é resultado direto dessas
condições ou influências. Collares e Moysés, 1992: 32)
A Dificuldade de Aprendizagem está relacionada a
vários fatores como:
Fatores Emocionais;
Fatores Orgânicos;
Fatores Específicos;
Fatores Ambientais.
Deve-se considerar também aspectos psíquicos, que em muitos casos são
responsáveis pelo baixo rendimento escolar.
A aprendizagem depende basicamente da motivação.
Muitas vezes o que se chama de dificuldade de aprendizagem é basicamente
"dificuldade de ensino". Cada indivíduo aprende de uma forma
diferente, conforme seu canal perceptivo preferencial. Quando o que lhe é
ensinado não o motiva suficientemente, ou lhe chega de forma diferente de seu
canal preferencial (de acordo com o canal preferencial de quem lhe ensina),
então a compreensão ou o aprendizado não se completa.
A massificação do ensino tem contribuído muito ao
aparecimento e aumento dos "distúrbios de aprendizagem".
Quando a aprendizagem não se desenvolve conforme o
esperado para a criança, para os pais e para a escola ocorre a
"dificuldade de aprendizagem". É necessário a identificação do
problema, esforço, compreensão, colaboração e flexibilização de todas as partes
envolvidas no processo: criança, pais, professores e orientadores.
O que se vê normalmente é a criança desestimulada,
achando-se "burra", sofrendo, os pais sofrendo, pressionando a
criança e a escola, pulando de escola em escola, e esta pressionando a criança
e os pais, todos insatisfeitos.
É necessário o reconhecimento do problema por um
profissional adequado, com treino específico da dificuldade a fim de que a
criança supere suas dificuldades, com esforço, colaboração da família e da
escola em conjunto acompanhando as etapas de evolução da criança.
A dificuldade mais conhecida e que vem tendo grande
repercussão na atualidade é a dislexia, porém, é necessário estarmos atentos a
outros sérios problemas: disgrafia, discalculia, dislalia, disortografia e o
TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade).
Transtornos Emocionais em Crianças e Adolescentes
Transtorno
emocional é uma experiência desagradável de excesso ou ausência de estímulos,
que prejudica a saúde.
O
Ser humano precisa de estímulos para impulsioná-lo a viver. Muitas vezes estes
estímulos , são também, sofrimento e ansiedade, mas mesmo não sendo
considerados bons sentimentos, enquanto a pessoa está no controle, estes
desafios se tornam revigorante e impulsiona a pessoa a chegar em determinados
objetivos.
O
termo transtorno descreve a incompatibilidade entre os desafios e a habilidade
para lidar com eles. Os transtornos vão se acumulando e se transformam em
emoções prejudiciais.
Os
transtornos emocionais das crianças são semelhantes aos dos adultos, apenas
difere em sua manifestação, mas, muitas vezes é bastante difícil reconhecer
estes sinais em uma criança, pois a sua compreensão de mundo interno e externo
é muito limitada.
Existem
muitas situações conflitantes para as crianças e adolescentes, como mudar de
escola, perda dos pais, separação, ser deixado sozinho, ser ameaçado por um
coleguinha mais velho, ser ridicularizado, ir ao médico ou dentista, levar o
boletim ruim, nascimento de um irmãozinho, ou seja, muitas situações cotidianas
e que podem comprometer o emocional da criança e do adolescente. Claro que tudo
vai depender da estratégia utilizada para passar por cada uma dessas situações.
As crianças, geralmente, movidas por sua imaturidade, escolhem estratégias que
provocam mais sofrimento. Como não sabem equacionar a sua aflição, demonstram o
sofrimento através de seu comportamento.
Como
o mundo da criança é controlado pelos adultos, a criança diante destes
conflitos se tornam apáticas, sem fome ou estímulos para brincar e estudar.
Estes sentimentos geram nas crianças a sensação de ser incapaz e inadequada e,
por consequência é levada a baixa ou ausência da autoestima.
O
adulto, por ter uma visão de mundo diferente da criança, não identifica esta
aflição e não compreende o seu comportamento.
Segundo
pesquisas é mais frequentes meninos sofrerem com situações deste tipo na
infância e as meninas na adolescência. Porém, como já foi citado anteriormente,
não se pode generalizar, pois cada indivíduo reage conforme a sua
vulnerabilidade aos transtornos. Crianças que tem apoio positivo no adulto
tendem a ter uma recuperação mais rápida de seus conflitos. Cabe aos adultos em
torno de uma criança, que tenha ou venha passando, pelas situações citadas
acima, observar o comportamento desta criança. Caso perceba, que a situação
está se prolongando é necessário procurar um profissional especializado para o
atendimento de crianças e adolescentes.
O que é neuropsicopedagogia
O
neuropsicopedagogo é o profissional que vai integrar à sua formação
psicopedagógica o conhecimento adequado do funcionamento do cérebro, para
melhor entender a forma como esse cérebro recebe, seleciona, transforma,
memoriza, arquiva, processa e elabora todas as sensações captadas pelos
diversos elementos sensores para, a partir desse entendimento, poder adaptar as
metodologias e técnicas educacionais a todas as pessoas e principalmente,
aquelas com características cognitivas e emocionais diferenciadas.
Este profissional está em
busca constante dos necessários conhecimentos sobre as anomalias neurológicas,
psiquiátricas e distúrbios existentes, para desenvolver um trabalho de
acompanhamento pedagógico , cognitivo e emocional das pessoas que apresentem
essas sintomatologias. O profissional de neuropsicopedagogia, portanto, é um
dos elementos mais importantes para desenvolver e estimular novas "sinapses",
para um verdadeiro processo ensino-aprendizagem.
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